Apresentação
Artista visual, estudou escultura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Laje. As esculturas de Zé Carlos Garcia se apresentam como entes insólitos que podem tomar a forma de insetos imaginários, uma vez que resultam de uma combinação de membros de diferentes espécies, ou ainda da mescla de plumas e partes de mobiliário de madeira. Dessa junção originam-se híbridos que, além de conservar os significados das partes que os compõem, geram uma curiosidade mórbida em relação à sua natureza. Garcia parece assim evidenciar certa perversidade do público, refém, entre estranhamento e fascínio, de seu próprio voyeurismo diante de corpos dilacerados, por mais fictícios que sejam. A possibilidade de recriar o mundo através de formas inicialmente estabelecidas pela Estética, isto é, não propostas como “dadas” pela natureza, impeliu-o a uma linha de pesquisa que levou à construção escultural de “pássaros”, à redefinição de “insetos” e aos “bustos” esculpidos em pedras sedimentares que não permitem uma forma definida. O simbolismo dos discursos de poder que marcam a construção da história da humanidade também está presente na pesquisa de Zé Garcia, como nos “bustos” com sua noção da efemeridade e ruína, e nas bandeiras de crinas de cavalo e nas fincas de madeira que nos remetem aos mastros, às esculturas equestres e aos obeliscos, marcos de conquista e de narrativas de territórios. A “construção” do seu trabalho origina-se de corpos existentes, às vezes mortos, estáticos, encontrados, naturais ou artificiais, e gera objetos - seres - sob o signo da escultura. Peças e fragmentos de móveis antigos associados a penas, plumas de carnaval e crinas de cavalo são organizados para criar híbridos com poder estético e alegórico. Seus trabalhos escultóricos caminham na contramão das obras criadas para a posteridade e executadas em materiais consistentes, dialogando com a dimensão da eternidade e da ruína, com a construção de um ideário e a perda do poder. O artista sugere, portanto, uma discussão com o corpo como peça central - seja animal, humano ou escultural - e a experiência como ação voluntária que altera a paisagem, passando por constante mudança morfológica, também através da adição de novos elementos.
Obras
Biografia

Zé Carlos Garcia (Nasceu em 1973, Aracaju, Brasil. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil). Possui Bacharelado em Escultura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; além de Licenciatura em Educação Artística pela Universidade Salgado de Oliveira, Niterói, Brasil. Também frequentou cursos livres na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, Brasil. Exposições individuais: Escultura Cega, Galeria Marilia Razuk, São Paulo, Brasil (2023); Grande Circo Floresta, Portas Vilaseca Galeria, Rio de Janeiro, Brasil (2021); Torto, Cassia Bomeny Galeria, Rio de Janeiro, Brasil (2018); Tropical, Espaço Saracura, Rio de Janeiro, Brasil; Do pó ao pó, Galeria do Lago, Museu da República, Rio de Janeiro, Brasil (2017); Ganimedes, Zipper Galeria, São Paulo, Brasil (2016); Finca, Amarelonegro Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, Brasil (2015); Prumo, Memorial Meyer Filho, Florianópolis, Brasil (2014); Jogo,Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, Brasil (2013); PET, EspaçoCultural Municipal Sérgio Porto, Rio de Janeiro, Brasil (2012); e Hereditários, DUREX Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, Brasil (2010). Exposições coletivas selecionadas: Rio de Corpo e Alma, Museu Histórico da Cidade, Rio de Janeiro, Brasil; 14ª Bienal do Mercosul: Estalo, Porto Alegre, Brasil (2025); NISE: a revolução pelo afeto, Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília/Sesc Sorocaba, Sorocaba, Brasil; Ainda Viva, Casa de Cultura do Parque, São Paulo, Brasil; Ensaio sobre paisagem, Instituto Inhotim, Brumadinho, Brasil (2024); Passeio Público: memórias e imaginações, Caixa Cultural Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; 22ª Bienal Sesc Vídeobrasil, Sesc 24 de maio, São Paulo, Brasil (2023); NISE: a revolução pelo afeto, Sesc Belenzinho, São Paulo, Brasil; Independência e Vida, Biblioteca Mário de Andrade, São Paulo, Brasil; NISE: a revolução pelo afeto, Centro Cultural Banco do Brasil, Belo Horizonte, Brasil (2022); NISE: a revolução pelo afeto, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil; Imagens que não se conformam, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2021); II Bienal do Barro, Museu do Barro, Caruaru, Brasil; Inundação, Museu do Pontal, Rio de Janeiro, Brasil; Concerto para pássaros, Goethe-Institut, Salvador, Brasil; Manjar: beleza e devastação ou eterno retorno, Solar dos Abacaxis, Rio de Janeiro, Brasil; Luto Tropical, Pasto Galeria, Buenos Aires, Argentina (2019); O Tempo e a Gravura no Espaço, FAMA – Museu – Fábrica de Arte Marcos Amaro, Itu, Brasil; Busan Biennale – Divided we Stand, The Former Bank of Korea, Busan, Coreia do Sul; Você sonha com o quê? A Flor Mohole e outras fábulas, Galeria Luisa Strina, São Paulo, Brasil; Horse Takes King, com Laura Lima, Fondazione Prada, Milão, Itália (2018); Bestiário, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil; Trienal Frestas de Artes, Sesc Sorocaba, Sorocaba, Brasil; A Room and a Half, com Laura Lima, Ujazdowski Castle Centre for Contemporary Art, Varsóvia, Polônia; Nuit Blanche Monaco, Praia do Larvotto, Principado de Mônaco; Depois do Futuro, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, Brasil (2016); Tórrido, Espacio Odeón, Bogotá, Colômbia (2015); Materia, Casa Hoffmann, Bogotá, Colômbia (2014); Criaturas Imaginárias, Museu do Pontal, Rio de Janeiro, Brasil; Redemptive glimpses from the future world, Musterzimmer, Berlim, Alemanha (2013); From The Margin to The Edge: Brazilian art and design in the 21st Century, Somerset House, Londres, Inglaterra (2012); Nova Escultura Brasileira: herança e diversidades, Caixa Cultural Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil (2011); dentre outras. Prêmios: Prêmio Arte Sostenible ARCO Madrid Six Senses Ibiza, Feira ARCO, Madri, Espanha (2023); e Indicado ao Prêmio PIPA, Rio de Janeiro, Brasil (2018). Coleções públicas: Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Instituto Inhotim, Brumadinho, Brasil; Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil; e FAMA Museu – Fábrica de Arte Marcos Amaro, Itu, Brasil.

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