Bem debaixo dos meus ossos
Tudo que desaparece
hematoma
púrpura quase preto com sua orla vermelha
terceiro dia, ocre manchado de azul
Um bloco de ferro esperando o musgo crescer
redes de proteção para um esqueleto de concreto
um pedaço de vermelho trancava o azul exposto ao tempo
Um sol manchado de outono
Mudando as estações em seu radinho
o som formigava em seus membros
Uma fotografia antiga fora de foco
retirada de um lugar longe daqui
onde?
Esperando de madrugada sem conseguir respirar
a medição do oxigênio em seu sangue
Aprendendo a linguagem dos sinais do corpo
Narinas abrindo e fechando
O ritmo acelerado da paisagem movediça em seu tórax
Juntando grãos de memória em sua caixa torácica
para desmantelar este pequeno castelo quando vemos o mar
Medo
medo do barulho do helicóptero
medo dos grunhidos do aspirador
medo das máquinas em sua fábrica
o barulho de suas unhas no chão de taco
Um céu cinza chumbo emoldurado por um branco agressivo
olhando daqui a luz do sol encobre seu sorriso sobre o papel fotográfico
distante uma criança testa sua voz
ao longe
longe chega perto
não tão perto
Meus olhos logo irão afundar
afundando
inundação
o mesmo céu
cinza chumbo
A vegetação esconde o rio
derrubando abacates com pedradas
o corpo devorado
capim pelo de urso
uma fruta coberta de formigas
a palavra debaixo da pedra
o cheiro podre
onde está a carcaça?
Eduardo Berliner, 2023
Eduardo Berliner [Rio de Janeiro, 1978 . Vive e trabalha no Rio de Janeiro] é Mestrado em Tipografia, University of Reading, Reading, Inglaterra [2003] e Graduado em Desenho Industrial/Comunicação Visual, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil [2000]. Exposições individuais: Eduardo Berliner: desenhos, Museu Lasar Segall, São Paulo, Brasil [2021]; A Forma dos Restos, Casa Triângulo, São Paulo, Brasil [2019]; Corpo em Muda, curadoria de Priscyla Gomes e Felipe Kaizer, Casa Triângulo, São Paulo, Brasil [2016]; A Presença da Ausência, curadoria de Marcio Doctors, Projeto Respiração, Fundação Eva Klabin, Rio de Janeiro, Brasil [2015]; Pinturas, curadoria de Hans-Michael Herzog, Casa Daros, Rio de Janeiro, Brasil [2014]; Sala A Contemporânea, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil [2013]; Casa Triângulo, São Paulo, Brasil [2010]; Galeria Durex, Rio de Janeiro, Brasil [2008]; Galeria Laura Marsiaj/Anexo, Rio de Janeiro, Brasil [2005]. Exposições coletivas selecionadas: Aquisições Recentes: Coleção Instituto PIPA, Paço Imperial, Rio de Janeiro, Brasil; Pequenas Pinturas: Ato II, Auroras, São Paulo, Brasil; Novas Aquisições, curadoria de Valéria Piccoli, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Coleção Sartori: a arte contemporânea habita Antônio Prado, curadoria de Paulo Herkenhoff, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil [2022]; 1981/2021: Arte Contemporânea Brasileira na Coleção Andrea e José Olympio Pereira, curadoria de Raphael Fonseca, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil [2021]; Utopia de Colecionador o Pluralismo da Arte, curadoria de Ricardo Resende, Fundação Marcos Amaro, Itu, Brasil [2019]; Projeto Cavalo: quadrivium 8 patas, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasi [2018]; Projeto Cavalo: quadrivium 8 patas, Jacarandá/Vila Aymoré, Rio de Janeiro, Brasil; Bestiário, curadoria de Raphael Fonseca, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil [2017]; Os Muitos e o Um, curadoria de Robert Storr, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil; A Cor do Brasil, curadoria de Paulo Herkenhoff e Marcelo Campos, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil [2016]; Dark Mirror: Lateinamerikanische Kunst seit 1968, Kunstmuseum Wolfsburg, Wolfsburg, Alemanha [2015]; E se quebrarem as lentes empoeiradas?, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil; Pangaea II: News Art from Africa and Latin America, Saatchi Gallery, Londres, Reino Unido [2015]; Casa Triângulo no Pivô, Pivô, São Paulo, Brasil [2014]; 30ª Bienal de São Paulo, curadoria de Luis Pérez-Oramas, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo, Brasil [2012]; Os Dez Primeiros Anos, curadoria de Agnaldo Farias e Tiago Mesquita, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil; Finalistas Prêmio Pipa 2011, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; 6ª Ventosul - Bienal de Curitiba, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasill [2011]; Se a pintura morreu o MAM é um céu!, curadoria de Luiz Camillo Osorio, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; Itinerância do Prêmio CNI-SESI Marcantonio Vilaça [2010]; Investigações Pictóricas, curadoria de Daniela Labra, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Niterói, Brasil [2009]. Prêmios: Prêmio Pipa – finalista, Brasil [2011]; Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça, Brasil [2009]. Coleções públicas: Daros Latinamerica AG, Zurique, Suíça; Fiorucci Art Trust, Londres, Inglaterra; K 11 Art Foundation, Hong Kong, China; Museu de Arte do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - coleção Gilberto Chateaubriand, Rio de Janeiro, Brasil; Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil; Museum of Modern Art of Nova York, Nova York, EUA; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Banco Itaú S.A., São Paulo, Brasil.
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