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avaf (assume vivid astro focus) possui um lugar peculiar nas histórias recentes das artes visuais no Brasil e no mundo. Atuando como um coletivo cujas integrantes se transformam de acordo com os projetos, sua pesquisa é absolutamente pautada na ideia de experimentação e na resistência das muitas comunidades queer. De suas primeiras experiências nos Estados Unidos, que tomavam espaços internos de galerias e museus, passando por intervenções feitas diretamente em rinques de patinação até projetos mais recentes como suas tapeçarias dançantes, o avaf mantém uma equação artística pautada no encontro entre a ideia de ambiente, a expressividade da cor e a afirmação do prazer.
Qualquer mídia pode ser articulada em seus projetos; essencial, contudo, é nunca deixarmos de lado uma relação com a imagem que está para além da visão. É em nossos corpos – compostos por infindas formas, identidades, anseios existenciais, delícias e traumas – que as experiências sugeridas pelo avaf começam e terminam. É a lembrança daquela sensação do suor escorrendo pelos nossos queixos – seja por medo, seja por prazer – que é estimulada em seus trabalhos.
alterações vividas absolutamente fantasiosas é um ensaio retrospectivo que toma os papéis de parede do avaf como elemento central. Presente desde seus primeiros projetos, essa maneira de cobrir longas superfícies nunca se repete – utilizando palavras, criando padrões abstratos que ditam um ritmo ou mesmo se apropriando de ícones da cultura pop, as imagens de grande escala que tomam o espaço do Sesc Avenida Paulista abraçam o público. Esta ocupação é pautada por colagens de imagens que remetem ao desenvolvimento das tecnologias digitais que, desde 2001, quando o coletivo foi criado, possibilitam manipular e intervir graficamente sobre imagens. Também lidando com a noção de colagem digital, mas por meio do vídeo, uma série de trabalhos de diferentes momentos de seu percurso transforma áreas da exposição em algo entre o peep show e a pista de dança.
Neste labirinto, só um verbo nos guia: perder-se. Que nossos corpos esqueçam a contagem do tempo e, assim como o título desta exposição o faz, que saiamos do Sesc criando novos sentidos para essas quatro letrinhas – avaf – que, juntas, causam tanto.
Raphael Fonseca
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Turtles with Lipstick Flying Thru Palm Trees [Tartarugas de Batom Voando Entre Palmeiras], 2019
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antes vulgar agora fino [vulgar before now chic], 2011
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A Cor Me Conduz a Geografias de Difíceis Retornos, 2020
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Garden #7 [Jardim #7], 2003
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admirable vortex arising fearlessly, 2014
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Transparência e Fuxico [Transparency and Gossip], 2016/2023
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Tom Cruising #2 [Tom Tá Aquendando #2], 2005
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Rickminiscences #2 [Rickminiscências #2], 2008
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Tom Cruising #1 [Tom Tá Aquendando #1], 2005
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Rickminiscences #1 [Rickminiscências #1], 2008
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altered visions accelerate frequency [visões alteradas aceleram frequência], 2016
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a very anxious feeling [um extremo sentimento de ansiedade], 2007
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axiomatic verve across fenestration, contagious [evidente vitalidade do outro lado da fenestração, infeccioso], 2015
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ayahuasca visual alucinante feérica [visually dazzling mind-altering ayahuasca], 2018
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Crying Triangles, 2005
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abra vana alucinete fogo #1 [abra vana alucinete fire #1], 2006
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Garden #1 [Jardim #1], 2001
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Garden #5 [Jardim #5], 2003
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#juntxs, Amor e Pluralidade, Brasil [#2geda, Love and Diversity], 2020
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Yorgos, 2009
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Caçamba Brasil [Dumpster Brazil], 2017
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artistiquement voué au feu [artisticamente condenado ao fogo], 2010
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Ilegítimo #2 [Illegitimate #2], 2012
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Garden #10 [Jardim #10], 2004
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Circle Neons, 2005
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a visually acceptable future [um futuro visualmente aceitável], 2011
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a very anxious feeling, 2007-2023
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acebolada vadia anabolizada fascinante [fascinating slut on steroids with onions], 2014
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