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CAPTAÇÃO PARA LIVRO DE ARTISTA
Os desenhos originais e o conjunto de rascunhos finais estão disponíveis para compra com o objetivo de fazer este projeto acontecer.
O CONJUNTO DE DESENHOS É A REPRESENTAÇÃO DAS IMPRESSÕES DA ARTISTA SOBRE SUAS SENSAÇÕES NUMA VIAGEM AO INTERIOR DE SEU CORPO, PARTINDO DA BOCA, ACABANDO NO O ÂNUS E VOLTANDO. O JOGO DE ESCALAS DE APROXIMAÇÃO E AFASTAMENTO FAZEM DESTE LIVRO DE ARTISTA UMA EXPERIÊNCIA DINÂMICA SENSORIAL E ESCULTURAL ATRAVÉS DE SUAS PÁGINAS.
O livro de artista Interior é uma tentativa de Juliana Cerqueira Leite de tatear um terreno mais visual para suas vivências internas do corpo.
A publicação será composta por 3 tamanhos diferentes de páginas, reproduzindo 22 desenhos originais em cor criados especialmente para o projeto. Além disso, o livro também inclui um facsímile do caderno de anotações que a artista escreveu ao longo do processo de reflexão para esta criação.
Edição limitada de 250 exemplares dos quais 25 são edição especial incluindo uma capa-obra impressa pela artista em gravura em relevo sobre papel feito a mão, assinadas e numeradas.
Este livro está sendo criado em colaboração com a Familia Editions, com curadoria, edição e design de Maria Lago.
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OUTRO INTERIOR
"O interior do meu corpo vivo normalmente está fora do alcance da minha visão. As referências através das quais eu consigo visualizar minhas formas, espaços, e processos internos são materiais de segunda-mão: ilustrações científicas em livros de anatomia, ou desenhos em embalagens de remédios, como xaropes para gripe que retratam o sistema respiratório. Estas imagens são baseadas em outros corpos humanos e me ajudam a entender minhas próprias sensações, dores e prazeres conforme são sentidos internamente. Elas "colonizam" minhas narrativas íntimas e meu imaginário pessoal, explicando minha experiência corporal.
Imagens em livros de anatomia foram historicamente desenvolvidas através da dissecação de corpos humanos mortos, em sua maioria masculinos, com as pressões, relações e volumes internos específicos às funções vitais alteradas pelo final destes processos e o início de outro – a decomposição. O interior do corpo foi categorizado cientificamente em sistemas funcionais e organizado de acordo com metáforas mecanicistas e ideias humanistas.
Tecnologias de imagem contemporâneas conseguem capturar meu esqueleto vivo, meu cérebro em funcionamento e meu corpo inteiro com ressonância magnética, ultrassom e raio X, produzindo imagens que me cortam como fatias de pão em branco e preto, revelando o tendão rasgado, ou meu ovário produzindo um ovo em detalhes granulados, ou chegam a não mostrar nada, nada errado, quando pode haver uma dor debilitante.
Os desenhos e textos que compõem este livro são experimentos em representar meu corpo interior usando a perspectiva de ser o próprio corpo. São resultados de impressões sobre os sons, sensações, movimentos, pressões, experiências emocionais e funcionais que demarcam as partes invisíveis do meu ser. Os textos começaram como uma ferramenta para facilitar os desenhos quando eu percebi que escrever desacelerava a minha atenção, me permitindo perceber mais detalhes sobre o que eu sentia internamente – informação que eu aprendi a ignorar a não ser em casos de dor aguda. Os desenhos começam na boca, uma das aberturas da minha cabeça onde o que posso ver se transforma no que eu não posso ver, de fora para dentro. Eles terminam com meu ânus, que está no centro do livro – mais uma passagem conectando o interior ao exterior.
Ao invés de negar meu conhecimento sobre anatomia e biologia – ambos assuntos que me interessam bastante – eu me dei a permissão de concordar ou discordar com os métodos objetivos da representação científica do corpo interior. Imagens objetivas, como elas são definidas hoje, tem dificuldade em representar experiências como a de ser simultaneamente o interior e o exterior de um corpo. Elas falham a representação da experiência tátil de segurar algo – sentindo a frente ao mesmo tempo que a parte de trás de uma forma – do auto-toque, das experiências da dor, do prazer ou da fome, como estas são vividas, não exteriorizadas ou "alterizadas". Esse livro é a minha tentativa de negociar mais terreno visual para a experiência viva do interior do corpo."
Juliana Cerqueira Leite
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DESENHOS FINAIS
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CONJUNTO DE 22 SKETCHES FINAIS
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